Priscila Schmidt – Colunista StartSe
Nesta coluna, Priscila Schmidt, especialista em comunicação para alta liderança, conta por que o óbvio precisa ser dito. Confira!
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Eu estou estreando como colunista da StartSe com este artigo. Você, leitor, ou leitora, pode imaginar o meu desejo de acertar. Pode imaginar o cursor indo e vindo, escrevendo e apagando, tentando encontrar dentro de mim o caminho certo. As informações mais impactantes. A forma que gere mais autoridade. O storytelling que engaje.
Começar algo novo é sempre um grande desafio e este artigo que você lê, tentou antes, ser um artigo importante. Agora, ele é apenas um compartilhamento de ideias, despretensioso, vulnerável.
Preciso escrever sobre comunicação para líderes.
Então, começo escrevendo que comunicar é liderar. Eu acredito nisso. Não importam resultados, metas, diplomas, certificações, habilidades técnicas, as competências que alçaram você para uma posição de liderança não são as que te manterão por lá. O desafio muda. Ou você guia as pessoas por um caminho bom, ou não guia elas por caminho nenhum. Liderar é a capacidade de levar alguém de um ponto a outro e isso só é possível através da comunicação.
Mas isso me pareceu óbvio.
Assim, decidi ir por um caminho que não poderia ter erro, afinal, é tema básico para liderança: comunicação assertiva. Impossível ser uma liderança eficiente sem uma comunicação assertiva. Escreveria um artigo com o passo a passo para a construção de uma comunicação assertiva, a importância de saber o objetivo e de definir o conteúdo, cuidar da performance, garantir o tempo e o espaço corretos para a transmissão de cada mensagem.
Mas isso também me pareceu óbvio.
Por fim, já tomada pela síndrome de impostora, decidi escrever sobre escuta ativa. Não há êxito na comunicação ou na liderança sem uma boa escuta. “Escutatória, vem antes da oratória”. “Temos dois ouvidos e uma boca, para ouvir mais e falar menos”. Vou além. Dispenso o conceito de escuta ativa – que diz respeito a quem ouve com atenção – e avanço para o conceito de escuta ostensiva – que diz respeito a quem, mais do que ouve com atenção, demonstra que está ouvindo com atenção através do contato visual, da expressão facial, dá feedbacks sobre a recepção e compreensão da mensagem, mas… bom, você já sabe, certo?
Me pareceu óbvio demais.
Reunião de equipe definindo metas com post-its (foto: Getty)
Então, me lembrei de uma máxima: o óbvio precisa ser dito.
Afinal, esses temas fazem parte do meu cotidiano. Todos os dias eu estou treinando Altas-Lideranças e C-levels, individualmente, caso a caso, desenvolvendo as habilidades mais urgentes para aprimorar a comunicação de cada um. Alguns, precisam melhorar a expressividade, outros de mais assertividade, outros precisam melhorar a escuta ou de mais autoconhecimento, mais empatia, alguns de mais repertório. As habilidades por trás da comunicação são muitas. Para mim, tudo isso é óbvio.
E foi da obviedade que surgiu o meu receio sobre a escolha do tema para estrear esta coluna. Isso, provavelmente, também acontece com você. Quantas mensagens você deixa de transmitir, por elas parecerem óbvias? Quantas lições você deixa de ensinar, por elas parecerem óbvias? Quantos feedbacks (principalmente os positivos) você deixou de dar por parecer óbvio o que aquela atitude representava?
Um estudo publicado em julho do ano passado por Francis Flynn e Chelsea Lide, demonstrou que os líderes têm quase 10 vezes mais chances de serem criticados por não se comunicarem do que por se comunicarem demais. O estudo mostra que os líderes que se comunicam pouco são vistos como menos qualificados para um papel de liderança porque são vistos como menos empáticos.
Portanto, quero te lembrar que o óbvio só é óbvio para você. Precisa ser dito, dito de novo, de uma outra forma, por um outro canal. Quando você estiver cansado da sua mensagem, é por que ela está começando a aterrissar na mente da sua equipe.
Te convido para ler mensalmente, toda 3ª segunda-feira do mês, esta coluna falando sobre o óbvio: a comunicação é habilidade essencial para qualquer liderança, seja ela chefe ou não. Uma boa liderança é determinada por uma boa comunicação.
COMO DEVEM SER OS PARCEIROS NOS NEGÓCIOS
“Parceiros chegam de várias formas. Se juntam por diferentes motivos”.
Eu sei, é clichê, rss. E se a frase fosse minha eu acrescentaria: “O que eles tem em comum é o fato de acreditarem no que nós acreditamos”.
Parceria é a arte de administrar conflitos de interesses e conexões de interesses, visando resultados benéficos para ambas as empresas”.
É por isso que eu costumo comparar parceria com casamento. Quem é casado sabe que administrar conflitos é fundamental para ambos terem resultados nessa aliança.
Assim como no casamento, o parceiro não precisa ser igual a nós, mas tem que ter o nosso ‘jeitão’! Nas parcerias eu defendo que o parceiro precisa ter o DNA de inovação, a inquietude pra sair da zona de conforto e uma preocupação muito grande com o cliente, não apenas no discurso, mas na prática. É claro que no processo de análise do possível parceiro, nós avaliamos o potencial financeiro e de escala da aliança, a estrutura e o tamanho da empresa. Mas, tem um fator humano que não pode ser desconsiderado, já que empresas são, na sua essência, pessoas. É por isso, que normalmente, os parceiros são empresas formadas por pessoas do bem, pessoas com propósito, que tem tanto o caráter quanto a lealdade de continuar de mãos dadas, mesmo nos momentos mais difíceis. É como um casamento mesmo!
É importante também que os parceiros tenham know how e competências complementares, que potencializem nossas fragilidades e deem mais peso aos nossos pontos fortes. E como eu acredito que o primeiro approach de uma boa parceria acontece no plano humano (onde existe emoção), e não no corporativo, eu gosto muito da histórica da parceria entre Steve Jobs e Steve Wozniak. Os dois Steves tornaram-se amigos durante um emprego de verão em 1970. Woz estava ocupado construindo um computador e Jobs viu o potencial para vendê-lo. Em uma entrevista de 2006 ao Seattle Times, Woz, explicou:
“Eu só estava fazendo algo em que era muito bom, e a única coisa que eu era bom acabou por ser a coisa que ia mudar o mundo… Steve (Jobs) pensava muito além. Quando eu projetava coisas boas, às vezes ele dizia: ‘Nós podemos vender isso’. E nós vendíamos mesmo. Ele estava pensando em como criar uma empresa, mas talvez ele estivesse mesmo pensando: ‘Como eu posso mudar o mundo?’”.
Por que essa parceria deu certo? Habilidades e competências complementares.
As habilidades técnicas de Woz juntamente com a visão de Jobs fizeram dos dois a parceria perfeita nos negócios.
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