CNN Brasil
Líderes de pelo menos 24 países confirmaram presença no maior encontro da história do grupo, que vai acontecer na cidade de Kazan na semana que vem18/10/2024 às 05:50
O presidente Vladimir Putin quer usar a reunião de cúpula dos Brics para reduzir o isolamento da Rússia no tabuleiro geopolítico internacional.
Além dos líderes dos países membros do grupo, Putin convidou os chefes de Estado de outras 32 nações da Ásia, África e América Latina para participar do encontro.
O assessor especial para Relações Internacionais do Kremlin, Yuri Ushalov, disse que pelo menos 24 líderes mundiais estarão presentes, fazendo desta a maior reunião de cúpula dos Brics desde sua criação, em 2009.
Os chefes de Estado dos novos membros do bloco (Irã, Etiópia, Emirados Árabes Unidos e Egito) participarão da cúpula pela primeira vez.
A Arábia Saudita, que foi convidada a entrar nos Brics no ano passado, ainda não confirmou sua adesão. E o líder do país, o príncipe Mohammed bin Salman, não estará presente, esnobando o encontro.
Os sauditas sofrem pressão dos Estados Unidos para não aderir ao grupo, visto por muitos governos como um instrumento antiocidental que teria o objetivo de alavancar as prioridades da Rússia e especialmente da China no cenário internacional.
Por outro lado, muitas autocracias que também querem diminuir seu isolamento global confirmaram presença na reunião. Entre elas estão Cuba e Belarus. Até o Talibã pediu para participar, representando o Afeganistão.
Isolamento da Rússia
A intenção do Kremlin ao convidar tantos líderes é demonstrar ao ocidente que ainda tem força e apoio no chamado Sul Global, que reúne os países em desenvolvimento.
Além disso, Putin pretende dar um recado de que as sanções adotadas contra a Rússia desde a invasão da Ucrânia, em fevereiro de 2022, não tiveram todos os efeitos desejados.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que representará o Brasil no encontro, é o único chefe de Estado que estava presente também na primeira cúpula do grupo, em Ecaterimburgo, na própria Rússia, em 2009.
Putin também estava lá, mas como primeiro-ministro do país – embora seja ele quem, de fato, dê as cartas na política russa desde o fim de 1999.
Duas das mais importantes pautas desta cúpula estão diretamente relacionadas ao combate ao isolamento russo.
A primeira diz respeito à criação de um sistema de transações financeiras internacionais independente do ocidente e nas moedas locais. A ideia aqui seria criar uma forma de impedir que o ocidente imponha unilateralmente sanções econômicas a países rivais.
A segunda pauta trata justamente da expansão do grupo, trazendo ainda mais aliados do Sul Global para os Brics.
Neste segundo ponto, o Brasil insiste para que critérios específicos sejam estabelecidos para a adesão de novos membros.
Entre esses critérios, está a defesa de uma reforma profunda do sistema de governança global, especialmente do Conselho de Segurança da ONU.