História de MARIANNA GUALTER, NATHALIA GARCIA E ADRIANA FERNANDES – Folha de S. Paulo
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, se reúne pela segunda vez nesta semana com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O encontro no Palácio da Alvorada não estava previsto pelas agendas oficiais das autoridades e ocorre em meio ao desconforto do mercado com a situação fiscal do país, cenário influenciado por declaração de Haddad na tarde desta terça-feira (29).
Além de Haddad, participam da reunião nesta noite o futuro presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, que é ex-número dois da Fazenda, além de Dario Durigan e Guilherme Mello, atuais secretários da pasta.
Mais cedo, o ministro afirmou que ainda não há prazo para o anúncio de medidas de contenção de gastos do governo. Segundo o titular da Fazenda, as propostas estão sob análise de Lula e cabe ao presidente definir quando o conjunto será fechado.
Na esteira da declaração, a preocupação do mercado com as contas públicas do Brasil contribuiu para a escalada do dólar. A moeda norte-americana fechou o dia em forte alta de 0,95%, cotada a R$ 5,762.
Conforme apurou a Folha de S.Paulo, o encontro tem como objetivo discutir o pacote fiscal, assim como a reunião realizada nesta segunda-feira (28). A convocação respondeu à pressão do mercado, e pretende funcionar como mais rodada de sensibilização do presidente quanto a velocidade necessária para o envio das medidas.Vídeo relacionado: Haddad afirma que Lula deve definir data para anúncio de corte de gastos (Dailymotion)
A pretensão de encaminhar ao Congresso Nacional ainda em 2024 um pacote de revisão de gastos estruturais foi anunciada pela ministra Simone Tebet (Planejamento e Orçamento) em 15 de outubro.
Na ocasião, Tebet afirmou que potenciais medidas já aprovadas pelo crivo da equipe econômica seriam apresentadas a Lula logo após o segundo turno das eleições municipais, realizado neste domingo (27). Ela também disse q ue alguns debates estavam interditados por Lula e pela própria equipe econômica, como alterações na política de valorização do salário mínimo e na vinculação da aposentadoria à métrica
No dia seguinte, Haddad endossou que essa é uma agenda prioritária do governo até o fim do ano e disse que o desenho já estava bastante avançado. O ministro afirmou, no entanto, que o anúncio de medidas que irão compor a revisão só será feito quando “o governo estiver todo alinhado em relação aos propósitos”.
Como mostrou a Folha de S.Paulo, a equipe econômica fala nos bastidores de Brasília em uma economia de R$ 40 bilhões a R$ 50 bilhões. Na área econômica, o nível de confiança é bastante elevado de que Haddad, conseguirá apoio do presidente Lula às medidas mais potentes de redução de despesas.
Os agentes do mercado financeiro, por sua vez, tratam os próximos dias como a “semana D”, decisiva para conferir se a equipe econômica “vendeu terreno na Lua” sem o aval de Lula.