História de Sérgio Pires – Newsrondonia
O genial Chico Buarque de Holanda, um talento e milionário franco-brasileiro comunista, porque defende Cuba e os regimes totalitários, mas mora em Paris e suas férias nunca são nos países onde a miséria e a pobreza imperam (talvez com exceção da China comuno-capitalista) tem uma série de músicas até hoje inesquecíveis. A maioria delas compostas durante o regime militar, quando, aliás, ele vivia sendo “convidado” ao Dops para depoimentos, naqueles tempos tenebrosos. O Dops era a polícia de governo da época. Lançada em 1970, “Apesar de você!” era uma dura crítica ao período em que os milicos mandavam no país. Foi um enorme sucesso e o é até hoje. Agora, quando o Brasil pode andar correndo riscos de voltar ao passado, dessa vez sob o domínio de uma ditadura do Judiciário, entre outros perigos, como o susto da volta de uma polícia de governo e não de Estado, há quem ache que a música de Chico Buarque volta a ser contemporânea. Claro que nem ele nem seus fãs aceitariam tal uso de uma música feita contra uma ditadura de direita, já que as ditaduras de esquerda não merecem músicas de protesto, porque seus autores sabem muito bem onde vão parar.
Vale a pena reproduzir um trecho de “Apesar de Você”: “Amanhã vai ser outro dia; Amanhã vai ser outro dia; Hoje você é quem manda, falou, ‘tá falado, não tem discussão; A minha gente hoje anda falando de lado e olhando pro chão, viu? Você que inventou esse estado e inventou de inventar toda a escuridão; Você que inventou o pecado, esqueceu-se de inventar o perdão!”. Tem mais: “Apesar de você, amanhã há de ser outro dia; Eu pergunto a você, onde vai se esconder da enorme euforia; Como vai proibir, quando o galo insistir, em cantar; Água nova brotando e a gente se amando sem parar”.
Outra estrofe: “Quando chegar o momento, esse meu sofrimento, vou cobrar com juros, juro; Todo esse amor reprimido, esse grito contido, este samba no escuro; Você que inventou a tristeza, ora, tenha a fineza de desinventar; você vai pagar e é dobrado, cada lágrima rolada nesse meu penar”. A letra prossegue, avisando que “você”, ou seja, os militares, “vai se amargar, vendo o dia raiar, sem lhe pedir licença” e por aí vai. Vale a pena ouvir essa canção inesquecível, feita por um comunista milionário contra os milicos. No link [ouça e pense a quem você a dedicaria, nos dias, onde corremos novamente o risco da escuridão, só que agora só novos tacões.