História de Caio Possati – Jornal Estadão
Um avião de pequeno porte caiu na manhã desta sexta-feira, 7, na Barra Funda, bairro da zona oeste de São Paulo. O piloto, Gustavo Medeiros, e o advogado Márcio Louzada Carpena não sobreviveram ao acidente que deixou outras seis pessoas feridas. A queda aconteceu na Avenida Marquês de São Vicente.
Ao Estadão, testemunhas relataram ter visto a aeronave perder altitude e se chocar contra a via, gerando uma explosão. O fogo se alastrou e atingiu um ônibus, cujos passageiros conseguiram escapar sem ferimentos graves. Agentes da Força Áerea Brasileira (FAB) especializados em investigar acidentes aéreos estiveram no local para colher as informações iniciais para apurar as causas da queda da aeronave. Veja o que se sabe até agora sobre o episódio.
Acidente de avião, que caiu na Barra Funda, provocou a morte de duas pessoas e deixou outras seis feridas na manhã desta sexta-feira. Foto: Werther Santana/Estadão
O acidente provocou quantas vítimas?
Duas pessoas morreram e seis ficaram feridas, segundo o Corpo de Bombeiros e a Defesa Civil. As duas vítimas que foram a óbito eram os dois únicos ocupantes da aeronave: o piloto, Gustavo Medeiros, e o advogado, Márcio Louzada Carpena. Entre os feridos, cinco estavam em um ponto de ônibus. Um motociclista, que também estava próximo do local, se machucou. Os seis tiveram ferimentos leves e foram atendidos.
Onde a aeronave caiu?
O avião caiu na Avenida Marquês de São Vicente, na altura do número 2.154, nas proximidades dos Centros de Treinamento do Palmeiras e do São Paulo, na Barra Funda, bairro da zona oeste de São Paulo. Perto dali está também a Escola Beit Yaacov, de identidade judaica, localizada a 100 metros do local, no número 1.748 da avenida. A via é uma das principais da região por fazer conexões com outras partes da cidade, como o centro, e servir também de acesso para a Marginal Tietê.
A queda atingiu algum veículo?
Imagens de monitoramento mostram a aeronave “mergulhando” na via em alta velocidade, se chocando contra o chão e já provocando chamas por conta da explosão. É possível ver que, no momento da queda, carros, ônibus e motos circulavam perto do local, mas o avião não atinge diretamente os veículos. Porém, o fogo provocado pelo acidente se alastrou e atingiu um ônibus da concessionária Santa Brígida (8500/10 – trajeto Pirituba – Barra Funda). O veículo ficou bastante danificado na parte traseira, mas os passageiros conseguiram escapar sem ferimentos graves.
Qual o modelo do avião?
O avião, de matrícula PS-FEM, era um modelo King Air F90, fabricado pela empresa Beech Aircraft, em 1981. A aeronave é um bimotor turboélice, com cabine pressurizada e peso máximo de decolagem de 4.967 kg. É classificado como um avião da família de bimotores de pequeno/médio porte de alta performance para uso executivo, e tinha capacidade de sobrevoar a uma velocidade máxima de 490 km/h.
Conforme informações do Registro Aeronáutico Brasileiro (RAB), o avião tinha Certificado de Verificação de Aeronavegabilidade (CVA) com validade até 9 de dezembro deste ano. O modelo é similar ao da aeronave que se acidentou e provocou a morte da cantora Marília Mendonça e outras quatro pessoas em novembro de 2021, em Piedade de Caratinga, no interior de Minas Gerais.
Qual foi a trajetória da aeronave?
O King Air F90 se deslocava de São Paulo para Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Ele partiu do Aeroporto Campo de Marte, na zona norte, às 7h17, e caiu cerca de 1 minuto depois na Avenida Marquês de São Vicente, após sobrevoar por seis quilômetros.
A aeronave percorreu pouco mais da metade do caminho em linha reta, sobre áreas residenciais e comerciais, mas não chegou a ganhar muita altitude. Logo depois, fez uma curva abrupta para a esquerda, na altura da Marginal Tietê. A queda do King Air F90 teria ocorrido às 07:17:59, quando foi registrado o último sinal da aeronave.
Já é possível saber a causa do acidente?
Ainda não. As investigações estão sendo realizadas pela Força Aérea Brasileira, via Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa). Agentes do Quarto Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Seripa IV) – orgão regional do Cenipa – estiveram na Barra Funda, no local do acidente, para fazer a chamada Ação Inicial, quando se faz o levantamento inicial de dados necessários para o processo de investigação. Essa parte da apuração foi finalizada.
“O Cenipa informa ainda que, com a conclusão da Ação Inicial, os elementos essenciais para análise da investigação foram removidos pelos investigadores”, diz a FAB, em nota. “A investigação dessa ocorrência aeronáutica continua, com o levantamento de outras informações necessárias, a fim de identificar os possíveis fatores contribuintes”.
Os acidentes aéreos estão ficando mais frequentes?
Especialistas dizem ser difícil apontar apenas uma tendência por trás da alta. Assim como acidentes aéreos não têm origem só em uma causa, mas em uma combinação de fatores, os analistas apontam uma série de possibilidades para explicar o cenário. Entre elas estão o maior número de voos, as mudanças climáticas e o grande volume de registros por câmeras e de disseminação de imagens em redes sociais, elevando a percepção de risco.
No entanto, o Brasil registrou, em 2024, o maior número de acidentes aéreos da série histórica do Painel Sipaer, que mostra ocorrências desde 2015. A plataforma é gerida pelo Cenipa, da Força Aérea Brasileira (FAB). Foram 175 acidentes e 152 mortes por este motivo no País no ano passado – o índice de fatalidade (número de mortes por quantidade de acidentes) também foi o maior dos últimos 10 anos, ficando em 86,9%.