Felipão pode dirigir o Cruzeiro pela última vez em BH iniciando sua última semana na Toca II
Alexandre Simões
O jogo contra o Náutico, neste domingo (24), às 16h, no Independência, pela 37ª rodada da Série B do Campeonato Brasileiro, pode marcar o início da última semana de Luiz Felipe Scolari no comando do Cruzeiro. Isso porque o clube encerra sua participação na competição, e na temporada 2020, na próxima sexta-feira, encarando o Paraná, às 21h30, no Durival Britto, em Curitiba.
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Contratado em 15 de outubro, com um contrato até o final de 2022, o pentacampeão mundial pode ficar na Toca da Raposa II menos de três meses e meio, de um acordo inicial de dois anos e dois meses e meio.
Campanha do Cruzeiro usa Felipão como personagem, mas existe a chance de o treinador deixar o clube no final desta semana, após o término da Série B do Campeonato Brasileiro
A ruptura ainda é uma incerteza. Da parte do Cruzeiro, porque o clube não tem como bancar a multa rescisória de R$ 10 milhões acertada entre as partes no caso de uma demissão do treinador. O técnico, que pode sair sem pagar nada, não crava qual será o seu futuro quando a Raposa encerrar sua participação na temporada 2020 na próxima sexta-feira, em Curitiba.
Dentro deste cenário de incertezas, o Cruzeiro já monitora o mercado buscando um possível substituto de Felipão. Isso porque sabe que, apesar de curta, a relação entre clube e treinador está desgastada. Scolari sempre teve publicamente o discurso de que seu objetivo era impedir o rebaixamento à Série C. Nunca alcançou apoio de quem comanda o futebol celeste neste sentido.
Inclusive, Scolari chegou a citar a história vivida por Marcelo Bielsa, no Leeds United, da Inglaterra, clube de meio de tabela na Championship, Segunda Divisão do país, e que no segundo ano sob o comando do argentino alcançou o acesso à Premier League, onde ocupa atualmente a 12ª posição.
“O Marcelo Bielsa, grande treinador, assumiu o Leeds na Segunda Divisão do Inglês, levou o time à classificação e faz grande trabalho. Deschamps pegou a Juventus na Segunda Divisão e fez grande trabalho. São clubes que passam por dificuldades, mas que voltam à sua grandeza, com trabalho organizado, com projeto bem feito, como o que me foi apresentado”, afirmou Scolari na época.
Fosse só isso, seria uma situação fácil de ser contornada, principalmente pela maneira como foi tratada a chegada do treinador ao clube, sendo inclusive personagem de uma campanha em que a peça tem a sua foto com a frase: “Quem disse que eu tô sozinho?”.
Promessas
Muito do que foi acertado naquela tarde de 15 de outubro de 2020, em Porto Alegre, no escritório de Jorge Machado, agente de Luiz Felipe Scolari, não foi colocado em prática e nem será. Sérgio Santos Rodrigues, Deivid, que deixou de ser diretor de futebol, e José Carlos Brunoro, que saiu do Cruzeiro pela falta de perspectiva para trabalhar no Coritiba, não trabalharam com o cenário de permanência na Série B, embora naquele momento a Raposa fosse vice-lanterna da competição.
O acerto do Cruzeiro com Felipão aconteceu no escritório do seu agente, Jorge Machado, em Porto Alegre
Os atrasos salarias, com poucas satisfações por parte da diretoria, minaram o ambiente na Toca II, inclusive com uma manifestação dos jogadores que não se concentraram antes da derrota de 1 a 0 para o lanterna e hoje já rebaixado Oeste, no último dia 13, no Independência.
O pagamento de um vale de R$ 20 mil na semana passada foi mais um fator que desagradou aos atletas. E a falta de investimento na formação do time para a temporada 2021 é uma promessa feita ao treinador que não tem como ser cumprida, pois o clube está atolado em dívidas, algumas urgentes, e não tem de onde tirar dinheiro para concorrer no mercado.
Além disso, a folha salarial terá de ser reduzida em relação à temporada 2020, o que diminui ainda mais o poder cruzeirense na busca por reforços.
Os acontecimentos recentes afastam Felipão da Toca II. E na insatisfação em relação à condução do futebol do clube, o experiente e vitorioso treinador pode afirmar: “Quem disse que eu tô sozinho?”.