Varejo aposta em facilidades do Pix: transações ocorrem em até 10 segundos do novo sistema
Marciano Menezes

Marcus Dantas, da Ping Pão: “Toda ferramenta nova facilita para o cliente e ajuda na expansão das vendas”
O novo meio de pagamentos e transferências financeiras instantâneas do Banco Central (BC), o Pix, que entra em plena operação no dia 16 de novembro, deve facilitar a vida dos brasileiros, impulsionar as vendas do varejo neste fim de ano e contribuir para a ampliação da clientela. Ontem, no primeiro dia de criação das chaves digitais (senhas), 3,5 milhões de pessoas fizeram o cadastro até as 18h30, segundo o BC.
“Toda ferramenta nova facilita para o cliente e ajuda na expansão das vendas e na atração, principalmente, do público mais jovem”, diz o proprietário da Ping Pão, Marcus Dantas, que pretende instalar a plataforma tão logo esteja disponível.
No novo sistema, as operações ocorrem em até 10 segundos, 24 horas e todos os dias do ano, independente de ser sábado, domingo ou feriado.
Com cinco lojas em Belo Horizonte e duas em Betim, na Grande BH, Marcus Dantas considera que sem a cobrança de taxas para as pessoas físicas no novo sistema, haverá mais facilidades para as transações comerciais. “Vai ajudar muito. Hoje o troco está muito difícil e a circulação de moeda gera outros custos, depósitos, além dos riscos”, enfatiza.
O Pix, que promete revolucionar a maneira como o brasileiro lida hoje com o dinheiro, será uma alternativa ao uso a meios tradicionais existentes no mercado como o boleto bancário, DOC (documento de ordem de crédito), transferência eletrônica disponível (TED), cartão de débito e pagamento em espécie. Além da redução de custos, a vantagem do sistema é que a transação é feita em segundos, sem a necessidade de cartão ou tokens. Basta um celular ou computador com acesso à internet.
Na TED, a transferência hoje demora de 30 minutos a uma hora, enquanto no DOC o dinheiro só entra no dia seguinte na conta.

Rapidez
O consumidor que quiser adquirir um livro, por exemplo, se tiver a opção de leitura do QR Code, acessa o aplicativo da instituição financeira onde tem conta e clica na opção pagar com Pix, o que agiliza muito as transações.

Chaves digitais
Desde ontem, já é possível o usuário cadastrar senhas (chaves digitais) associadas a contas bancárias, o que vai permitir o uso do novo sistema.
Com a chave é possível localizar o destinatário do pagamento. As transações podem ser feitas pelos aplicativos de bancos e de pagamentos para telefone celular ou pelo internet banking em computadores. Poderão ser usados como chave o CPF, o CNPJ, o número de celular, o endereço de correio eletrônico (e-mail) ou um código de 32 dígitos gerado especificamente para o Pix (EVP). (Com Agência Brasil).

Economista prevê redução de filas e comodidade
O economista-chefe da Federação do Comércio de Minas Gerais (Fecomércio), Guilherme Almeida, aponta uma série de vantagens do novo sistema de pagamentos instantâneo: agilidade nas transações, possível redução de custos financeiros para os varejistas e novas oportunidades para que o comércio agregue valor ao serviço ofertado, já que a partir de 2021 será possível que os consumidores façam saques em lojas físicas, o que pode impulsionar o reuso de valores, além de gerar maior fluxo e reduzir saldo físico de recursos em caixa, conveniência e competitividade.
“Para exemplificar, temos o ganho de produtividade. Com o uso do QR Code e confirmação instantânea, por exemplo, podemos ter redução nas filas dos estabelecimentos e, consequentemente, maior fluxo em decorrência da comodidade”, avalia o economista.
Segundo ele, o Pix deve promover também uma redução dos custos financeiros do varejo. “Torna mais barata a transferência de valores entre os agentes econômicos (consumidores e empresas), além do pagamento de contas”, explica.
O economista da Fecomércio lembra também que o modelo pode beneficiar ainda redes que atuam com crediário, já que os clientes hoje utilizam apenas o cartão de crédito.
Mesma avaliação tem o advogado Cristiano Maschio, especialista em open banking. Segundo ele, o Pix veio para democratizar as transferências bancárias por dois motivos: baixo custo e transferência 24 horas, a qualquer momento. “Vou em uma fazenda no domingo, gostei de um porquinho e não tenho dinheiro ali na hora, transfere pelo Pix”, disse.
Em relação aos riscos, Maschio considera que serão os mesmos de uma TED ou DOC. “Se digitar errado, vai ser transferido errado, vai para a conta errada”, explica, lembrando que é necessária a atenção dos consumidores neste ponto. “O sistema é muito bom e vai facilitar as transações e a vida da gente”, avalia.
O especialista em finanças Paulo Vieira considera também uma evolução o novo sistema. “Todos esses sistemas acompanham a dinâmica de um mercado também mais dinâmico e que as pessoas não têm tempo e têm urgência das coisas”. Ele considera o Pix seguro e acredita as pessoas devem utilizar mais a senha gerada pelo sistema, para evitar uso de celular, e-mail ou CPF.

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