Cássio Bruno – Veja
Preso há 16 dias no Rio de Janeiro, o ex-deputado federal Roberto Jefferson, presidente nacional do PTB, divulgou na noite deste domingo, 27, uma segunda carta escrita à mão de dentro da cela. A mensagem foi postada por sua filha, a também ex-deputada Cristiane Brasil, no Twitter. No texto, Jefferson, aliado do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), diz não aceitar ir para uma possível prisão domiciliar.
© Reprodução/Reprodução O presidente do PTB, Roberto Jefferson
Na semana passada, a Procuradoria-Geral da República (PGR) enviou manifestação ao Supremo Tribunal Federal (STF) defendendo a ida de Roberto Jefferson para prisão domiciliar. Segundo o documento, a PGR pede também para que o ministro Edson Fachin não seja mais o relator do habeas corpus do ex-deputado na Corte. Para a PGR, Jefferson deveria usar tornozeleira eletrônica e que a sua prisão preventiva fosse revogada. O parecer está assinado pela procuradora-geral Lindôra Araújo.
“É mais uma afronta à minha honra. Preso por crime de opinião, numa decisão indecorosa e arbitrária tomada por um ministro suspeito, pois litigante pessoal contra mim, que está requerendo execução antecipara da sentença condenatória de cem mil reais, por alegados danos morais, que repilo”, escreveu Jefferson referindo-se ao ministro Alexandre de Moraes. “Não aceito a coleira de tornozelo”, completou o chefão do PTB.
Jefferson está na Cadeia Pública Pedrolino Werling de Oliveira, mais conhecida como Bangu 8, na Zona Oeste do Rio, desde o último dia 13. O ex-deputado é investigado por suspeita de integrar uma organização criminosa voltada a atacar instituições, como o STF e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), com o objetivo de abalar a democracia. Nas redes sociais, que atualmente estão bloqueadas, Jefferson aparecia em vídeos manuseando armas.
No pedido de prisão de Jefferson, o ministro Alexandre de Moraes afirmou que o ex-deputado divulgou vídeos e mensagens com o “nítido objetivo de tumultuar, dificultar, frustrar ou impedir o processo eleitoral, com ataques institucionais ao TSE e ao seu presidente, o ministro Luís Roberto Barroso”.
Jefferson é corrupto confesso. Em 2005, ele denunciou o esquema de mensalão do PT. Em 2012, foi condenado pelo mesmo STF a sete anos e 14 dias de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Ficou preso num presídio de Niterói, município da Região Metropolitana do Rio, durante um ano, dois meses e 23 dias. Nos bastidores, Jefferson não esconde a intenção de ser candidato novamente a deputado federal nas eleições de 2022.
Leia o trecho da carta publicada pela filha de Roberto Jefferson:
“Recebi, nesse momento, a Folha de ontem com o parecer da Procuradora Lindôra. É no sentido de que eu vá para casa, por razões de saúde pessoal, cumprir prisão domiciliar com tornozeleira. Agradeço, mas não aceito. É mais uma afronta à minha honra.
Preso por crime de opinião, numa decisão indecorosa e arbitrária tomada por um ministro suspeito, pois litigante pessoal contra mim, que está requerendo execução antecipara da sentença condenatória de cem mil reais, por alegados danos morais, que repilo.
Não aceito a coleira de tornozelo. Vejo o Zé Dirceu e o Lula, condenados por grave corrupção em todas as instâncias, no mérito, flanando pelo Brasil, ameaçando as Igrejas, defendendo a tomada do poder pela força e armando coletivos vermelhos, como na Venezuela, para violentar o povo cristão e patriota. Pior: ameaçando derrubar, pela força, o governo honesto do Presidente Bolsonaro. E para mim, como para outros conservadores, prisão domiciliar com tornozeleira, transformando meu lar num canil. NÃO ACEITO. É desonra. Não me fará outra humilhação e afronta a abominável e lombrosiana figura do Alexandre de Moraes. Fico onde estou.
Profetizo que o povo cristão patriota, antes que seja tarde demais, com seu RUGIDO DE LIBERDADE, em 7 de setembro, nos livrará desses URUBUS que pousaram, com mau agouro, nas costas do Brasil.
Creio em Deus, um Supremo renovado nos libertará da tirania atual.
Nossa Força e Vitória é Jesus,
Com amor,
Roberto Jefferson”