Os números ruins de mentira e os números bons de verdade

Por
Alexandre Garcia

Cruz Machado, na região centro-sul do estado, tem 7% da população beneficiada pelo bolsa familia. Este número é um indicativo alto de pobreza na região. Na imagem, famílias que vivem no morro São José. Expedição Paraná 2014.


Imagem de arquivo de Cruz Machado, uma das cidades mais pobres do Paraná.| Foto: Brunno Covello/Arquivo/Gazeta do Povo

Vocês devem ter ouvido durante toda a campanha eleitoral que o Brasil tem 33 milhões de famintos. Pois é, a narrativa durou até o dia da eleição. Logo depois, o Banco Mundial mostrou um estudo sobre o Brasil, dizendo que o país tinha 1,9 milhão de pessoas abaixo da linha de pobreza – o conceito descreve quem ganha até US$ 2,40 por dia. O Auxílio Brasil paga o dobro disso, então só aí já são milhões acima desse limite. Como é que fica uma coisa dessas? Esse é um caso de fake news durante a campanha, mas, talvez porque ninguém tenha reclamado, o TSE não disse nada. Até surgiu um jovem economista da Fundação Getúlio Vargas tentando diminuir o tamanho da mentira, dizendo que de 2020 para 2021 o número subiu. Mas continuam valendo os dados do Banco Mundial.

Falando em números, teremos o melhor resultado das contas públicas em oito anos: previsão de superávit primário de R$ 13,5 bilhões. Por quê? Porque a arrecadação subiu apesar dos cortes nos impostos. E o principal: a corrupção acabou. Sobrou dinheiro porque os ministérios e estatais não foram entregues a partidos políticos.

TSE continua desprezando cláusulas pétreas e deixando o país sem resposta sobre urnas

Estamos na expectativa, nesta quarta-feira, do relatório do Ministério da Defesa sobre o sistema eletrônico de votação. Estão todos muito curiosos, principalmente depois que os argentinos demonstraram que as urnas mais antigas tinham preferência de candidato. E até agora estamos esperando uma resposta do TSE que nos dê alguma tranquilidade.


E o presidente do TSE, ministro Alexandre de Moraes, pediu para identificar os veículos e as lideranças das manifestações. Ele não sabe que isso é espontâneo, que as pessoas estão nas ruas do país inteiro, incomodadas, exercendo um direito previsto em cláusula pétrea da Constituição. Está no artigo 5.º, ninguém pode mexer – o Supremo mexe, mas não poderia; ninguém pode mudar cláusula pétrea sob pena de estar praticando uma ação antidemocrática, gravíssima, contra a Constituição. O inciso IV diz que é livre a expressão do pensamento, sendo vedado o anonimato. E o inciso XVI trata do direito de reunião: todos têm o direito de se reunir, desde que sem armas – aliás, lamento que já tenha ocorrido choque em Novo Progresso (sul do Pará) entre manifestantes e a Polícia Rodoviária Federal. Parece que tudo começou com um spray de pimenta dos policiais, e aí as coisas ficaram complicadas. Isso é muito, muito ruim e preocupante.

PGR não encontrou motivo para investigar atos de Bolsonaro na pandemia

Sempre falei aqui que essa CPI da Covid era um palanque eleitoral. Mas, infelizmente, foi pior: virou picadeiro de circo. Agora a Procuradoria-Geral da República, por meio da procuradora Lindora Araújo, número dois da PGR, disse que não foram encontrados os mínimos elementos para se investigar o presidente da República, seus filhos e seus seguidores por incitação ao crime durante a pandemia. Nada, zero. Você sabe muito bem que eu tenho dito aqui que quem incitou ao crime foi quem disse que não havia tratamento, que enganou as pessoas, induziu as pessoas a não se tratarem e muitas delas morreram. Lá no início não sabiam exatamente o tratamento; depois apareceu o tratamento, mas ficaram insistindo nessa falácia e muita gente acabou morrendo por falta de tratamento. Isso, sim, é incitação ao crime.


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