ECONOMIA – Pedro Virla

Pedro Virla

Pedro Virla

Foto: Mlenny via Envato

Sede da Copa do Mundo de 2022, o Catar é um país que em apenas 50 anos deixou de ser uma pequena península com economia baseada na pesca e extração de pérolas para se tornar um país extremamente rico, gigante na produção de petróleo e gás natural, com Produto Interno Bruto (PIB) per capita de US$ 98 mil.

Governado pela família Al-Thani desde o início do século XX, o Sheik Abdullah Bin Qassim se tornou o governante do país no dia 17 de julho de 1913, quando o Catar se tornou parte do protetorado britânico.

Foto de Visão aérea de Doha na década de 40 -  Foto: Embaixada do Catar
Visão aérea de Doha na década de 40 – Foto: Embaixada do Catar

A economia do Catar

Com uma indústria primária baseada na pesca e na extração de pérolas, o Catar foi um país marcado pela pobreza generalizada, má nutrição e doenças, principalmente após o colapso do comércio de pérolas nos anos 20. 

Localizada no Oriente Médio, a região detém mais de 2/3 das reservas de petróleo do mundo, e viu sua história começar a mudar em 1939, quando foi descoberto petróleo no Campo de Dukhan. 

Infelizmente, o período entre 1939 e 1945 foi marcado pela 2ª Guerra Mundial, fazendo com que a importante descoberta de petróleo em território catari ficasse em segundo plano, ocasionando um lento processo de extração e desenvolvimento da reserva até o ano de 1949. 

Com a virada da década, o Catar, que produzia cerca de 46 mil barris de petróleo ao dia, se uniu a gigante empresa petrolífera Shell para o desenvolvimento de sua reserva e todo o processo de extração, tendo como resultado uma disparada na produção para 233 mil barris de petróleo por dia. 

O ‘ouro negro” gerou muita riqueza ao país, que até 1950 não possuía escolas, hospitais, usinas de energia ou centrais telefônicas. 

No poder, a família Al-Thani aproveitou o aumento na exportação do petróleo para colocar mais membros de sua famílias nos cargos importantes do governo, e vivia repleta de extravagâncias e luxos.

Foto de Distrito comercial de Doha em 1968 - Foto: AP
Distrito comercial de Doha em 1968 – Foto: AP

Independência e descoberta da maior reserva de gás natural do mundo

A história do Catar começa a mudar de maneira significativa em 1968, com os planos da Grã-Bretanha de deixar o Golfo Pérsico devido a problemas econômicos que não permitiam a manutenção de suas posições militares ao leste do Canal de Suez. 

Após negociações com os xeiques dos atuais Emirados Árabes Unidos (EAU) e Bahrein, o Catar declarou independência em 3 de setembro de 1971, substituindo todos os acordos com a Grã-Bretanha por um tratado de amizade. Foi nesse mesmo período que o Catar se tornou membro da Liga Árabe e das Nações Unidas.

Por estar localizado na região com a maior reserva de petróleo do mundo, era de se esperar que novas reservas fossem encontradas no solo catari, o que aconteceu em 1971, com a descoberta da maior reserva de gás natural do mundo, a South Pars/North Dome.

imagem do Googl Maps
Harrison Jacobs/Google Maps

Impactos da crise do petróleo de 1986 para o Catar

Assim como em diversas outras crises que aconteceram ao longo da história, o crash do petróleo em 1986 paralisou a economia do Catar, que investiu na extração de gás natural, ainda que de maneira lenta. 

Mesmo possuindo grandes reservas de gás e petróleo, a situação econômica do país em 1995 não havia melhorado. O Sheikh Hamad bin Khalifa Al-Thanim, filho do governante Emir Khalifa bin Hamad, deu um golpe e tomou o poder de maneira pacífica. 

Como uma de suas primeiras medidas no poder, acelerou o desenvolvimento das reservas para aumento na produção de gás e petróleo ao realizar acordos de exploração com diversas companhias, fazendo com que em 15 anos fossem construídas 14 novas plantas para a extração de gás.

Enquanto o país testemunhava um grande aumento na produção, novos acordos de longo prazo foram realizados, dando início à exportação de gás natural liquefeito pela primeira vez em sua história.

Gráfico com produção e consumo de gás no Catar
Produção e consumo de gás no Catar

Como resultado das medidas que priorizaram a exportação de gás natural e petróleo, o país testemunhou uma disparada meteórica no PIB, alcançando a marca de US$ 206 bilhões em 2014.

A Education City

A Education City é uma iniciativa que teve seu pontapé inicial dado em 1998 para diversificar e ampliar a economia do país que ainda traz na memória o crash do petróleo. 

Construída como um “oásis acadêmico” a cidade de 12 quilômetros quadrados tem filiais de alguns dos principais institutos educacionais do mundo, uma universidade de pesquisa local, incubadoras de startups, parques tecnológicos, locais históricos, instituições culturais e muito mais.

O objetivo da Education City é a formação de profissionais que colaborem com o desenvolvimento do Oriente Médio.

Buscando promover o local que é uma iniciativa única ao redor do mundo, o estádio Education City foi construído para a Copa do Mundo de 2022 e está no centro da inovação do Catar. 

Foto do Estádio Education City - Foto: FIFA
Estádio Education City – Foto: FIFA

O fundo Soberano do Catar

Estabelecido em 2005, visando proteger e aumentar os ativos financeiros do Catar, a Autoridade de Investimentos do Catar é um fundo soberano que possui patrimônio estimado em US$ 360 bilhões.

O fundo soberano atua ao investir diretamente em projetos imobiliários, infraestrutura, instituições financeiras, indústria e fundos de investimento.

Em sua carteira de investimentos estão algumas empresas como:

  • Banco Barclays;
  • Credit Suisse;
  • Porsche;
  • Volkswagen;
  • Tiffany.  

Além dessas empresas, no setor imobiliário o fundo controla e opera o icônico edifício Empire State, a Vila Olímpica dos Jogos de 2012 e o Shard, edifício mais alto da União Europeia, localizado em Londres.

Copa do mundo FIFA Catar 2022

Não podemos falar do Catar sem citar a Copa do Mundo de 2022, a mais cara de todos os tempos, que recebeu com o investimento de 220 bilhões de dólares.

Caso o valor investido no evento fosse considerado o valor de mercado de uma empresa, a Copa de 2022 ocuparia a posição de 36ª posição de empresa mais valiosa do mundo, ficando a frente de gigantes como Alibaba, McDonald’s e Toyota.

A maior competição de futebol do mundo levará ao Catar um aumento estimado em sua receita de US$ 17 bilhões. Enquanto isso, são estimados retornos de US$ 7 bilhões para a Fifa em receita.

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