Dicas para escolher bem

Por
Ilona Becskeházy – Gazeta do Povo


| Foto: Ivan Aleksic/Unsplash

Quem me acompanha aqui nesta Gazeta já entendeu que a educação no Brasil é de qualidade muito baixa, e que a tragédia afeta todas as classes sociais. É verdade que os menos pobres aprendem mais que os mais pobres. Quando comparamos o desempenho escolar e os níveis socioeconômicos dos alunos das escolas brasileiras aos dos seus pares asiáticos e europeus (não necessariamente de renda per capita tão mais alta que a nossa, como os russos), percebe-se que nossas opções históricas por não educar o nosso povão resultaram também em um tiro pela culatra para nossa elite.

Aproveitando que o assunto BRICS voltou aos trending topics, pensemos um pouco, a partir de uma conta de padaria: apenas entre Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, como você acha que o desempenho dos alunos de 10%, 5% ou 1% de maior renda em cada um desses países se compara aos dos brasileiros de mesmo nível social em matemática, capacidade de se comunicar em inglês e em resiliência para resolver problemas complexos? Mesmo se considerarmos apenas a Rússia e a África do Sul, que contam com populações menores que a nossa (Brasil, 210 milhões; Rússia, 143 milhões e África do Sul, 59 milhões), basta 0,5% de top performers para cada coorte escolar de aproximadamente 1% da população de cada um desses dois países, e já temos cerca de 10 mil de pessoas por ano, seja para abocanhar os melhores empregos e oportunidades pelo mundo, seja para transformar seus próprios países.

Agora, sem conta aproximada, mas olhando os dados do Pisa de 2018 para a China (apenas as quatro maiores metrópoles participantes), que conta com uma coorte etária de 15 anos de aproximadamente um milhão de jovens (nessas cidades!), podemos estimar uma “produção” de mais de 470 mil jovens de alta performance, independente da renda, pois são aqueles que, ao fazerem a prova do Pisa, tiveram desempenho entre os níveis 5 e 6. A Índia não participa do exame.

Quando comparamos o desempenho escolar e os níveis socioeconômicos dos alunos das escolas brasileiras aos dos seus pares asiáticos e europeus, percebemos que nossas opções históricas por não educar o nosso povão resultaram também em um tiro pela culatra para nossa elite.

Basta darmos uma olhada nos nomes mais famosos de médicos, acadêmicos e de CEOs de grandes empresas multinacionais, e veremos que nosso país é um grande avestruz em termos de formação de capital humano de alto desempenho em escala global.

Estrutura e disciplina
“Ok”, dirá o leitor, “mas eu gasto uma fortuna na escola maravilhosa do meu filho e o estou salvando desse ostracismo profissional.” Ah, é?! Então vejamos alguns critérios para escolher instituições de ensino que ensinem seus filhos a pensar.

A escola do seu filho tem uma arquitetura super arrojada e parece um Buddah-Bar mirim, ou a suada mensalidade que você vai pagar é usada para limitar o número de alunos que um professor supervisiona e instrui? Muitas escolas ditas de elite “investem” em campi com cara de clube, mas deixam seus demônios aos montes para cada professor, tornando o trabalho didático-pedagógico uma tarefa quase impossível. Esqueça as firulas e foque no número de alunos por turma ou por professor. Isto é algo que importa, e muito: principalmente se os alunos não forem os comportadinhos asiáticos, e se os seus pais ameaçarem a direção das escolas com disputas judiciais a cada bronca que levam.

Esse segundo ponto é particularmente importante porque o ambiente acadêmico e propício ao estudo já foi largamente descrito na literatura como sendo essencial ao bom aprendizado. O populacho instintivamente já sabe disso, e por isso adora a ideia das escolas cívico-militares que a esquerda menospreza. Mas a elite acha que os pitos e punições são só para os outros, pois seus filhos “são apenas crianças” e “pensam fora da caixa”. Se quer que seu filho cresça e apareça no mundo dos adultos, procure uma escola rígida com disciplina e regras, que sempre devem valer para todos, inclusive para os mais ricos. Portanto, vejam quem são as outras famílias que frequentam a escola. Pais durões e carrascos são ótima companhia. Principalmente no ambiente altamente permissivo de nosso país.

Atividades extracurriculares
Vimos a estrutura sóbria e a disciplina rígida. Agora vamos às atividades extracurriculares: esportes, música e teatro são as mais importantes. Não para você se exibir no Insta, mas para que seu filho aprenda a seguir regras, persistir nos treinos, nas práticas e nos decorebas, e para que seja desafiado a dar o seu melhor. A escola não pode tomar a opção pela mediocridade como caminho, disfarçando com a lorota da inclusão e da busca pela autoestima. Quanto maior a escola e o contingente de alunos, maior é o desafio de expor todos os alunos a cada uma dessas atividades com nível de exigência alto, mas é preciso ficar claro que, embora todos possam treinar, praticar e atuar, só joga no time, faz apresentações e performances públicas quem é bom no que faz. Meritocracia e competição com fair play são muito importantes para desenvolver um adulto saudável.

Alunos que precisam de atenção especial devem recebê-la para que cada um possa desenvolver seu potencial, mas solidariedade e espírito de bem comum devem conviver bem com a busca pela auto-superação e competitividade. Há técnica e ciência para isso, além de escolas especializadas de variadas atividades onde seus filhos podem aprendem música, esportes, artes e afins com mais atenção.

Biblioteca e laboratório
A biblioteca provavelmente é a parte mais negligenciada das escolas brasileiras. Seus dirigentes acham que o bacana é indicar para leitura (sem grandes análises) os livros mais vendidos nas últimas bienais. Até pode ser divertido que alunos e professores apresentem resenhas públicas de livros aleatórios, façam clubes de leitura e outras atividades que complementem o esquema sério de desenvolvimento estruturado de compreensão de textos complexos e de formação de cultura que toda escola tem que ter. Entretanto, cada instituição deverá fazer uma seleção permanente de livros com textos cada vez mais complexos e desafiantes em termos gramaticais, lexicais e temáticos para cada ano, sendo a maior parte deles composta por livros clássicos, que sobreviveram o escrutínio de gerações anteriores. Idealmente, cada escola deveria ter um acervo permanente com essas obras gerais em quantidade suficiente para trabalhá-las em conjunto com uma turma (a qual, também idealmente, jamais poderia ter mais que 20 alunos no ensino fundamental) e, em menor número, aquelas que não são usualmente estudadas em conjunto. A partir desse acervo, de critérios claros, da capacidade de análise literária de seu corpo técnico (a qual, no meu mundo escolar ideal, deveria ser alta), cada instituição escolheria a sua bibliografia dentro do contexto local: livros da cultura ocidental, autores típicos para alguns gêneros textuais, livros particularmente importantes para mergulhar em outras culturas e obras de âmbito mais regional ou local. Não sei se é possível encontrar uma escola assim no Brasil.

Se quer que seu filho cresça e apareça no mundo dos adultos, procure uma escola rígida com disciplina e regras, que sempre devem valer para todos, inclusive para os mais ricos.

Os laboratórios também são importantes. Suas experiências práticas têm a qualidade de fazer os alunos ligarem o abstrato das teorias que precisam dominar à maneira como elas se materializam na realidade, mesmo que apenas experimentalmente.

O currículo é o essencial
Deixei o essencial para o final e agora voltamos ao centro do que constitui uma escola eficaz, que meus doutos leitores já conhecem: currículo, livros didáticos, avaliação e formação docente. Como esses itens não estão disponíveis no Brasil em qualidade de padrão internacional, permanece minha sugestão de que a escola forme uma base de apoio com currículos e materiais importados. Temos que ensinar o medíocre e as maluquices para os alunos que desejarem possam se sair bem no ENEM e em outras provas locais, mas se quisermos que tornem-se adultos não apenas mais competitivos no mercado de trabalho, mas com maior capacidade de gerir suas vidas e adquirir estabilidade emocional, é preciso exigir mais de nossas escolas, tentar descobrir algumas que esteja mais à frente, ou fazer um bom homeschooling – este, muito mais difícil que se imagina.

A “receita” que os governos dos países bem sucedidos usaram se aplica tanto a redes de escolas públicas ou privadas, quanto a escolas isoladas e até mesmo ao ensino em ambiente doméstico. Sem esses quatro elementos bem desenhados e operacionalizados, não há santo ou mágico que dê conta de ensinar nem aos cães! Os ingredientes, que devem ser considerados na ordem em que estão sendo listados e com o propósito explicitado, são os seguintes: 1) currículo, uma lista organizada e clara do que deve ser aprendido a cada período letivo; 2) material didático de alta qualidade que traga várias opções sobre como apresentar os conceitos e procedimentos ditados pelo currículo aos educandos, além de exercícios que guiem o processo de aprendizagem de cada um dos objetivos; 3) avaliações bem feitas que possibilitem a verificação do aprendizado dos itens do currículo, individualmente, de modo que se possam identificar dificuldades e apoiar o progresso dos alunos; e 4) capacidade didática para o educador, o que, genericamente, chamamos de formação docente – mas que serve para pais e outros tutores, incluindo os treinadores de cachorrinhos!

Para facilitar, vou ilustrar minha breve explicação sobre currículo mostrado o que os educadores de Paulofreireland (ler meu artigo anterior) foram capazes de fazer sob as nossas barbas (praticamente sem oposição, a não ser da mamãezinha chata que vos escreve). Apresentarei dois conjuntos de exemplos do que deve aparecer em um currículo, comparando com pérolas contidas na Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Esse documento normativo, produzido por ONGs desde dentro do Ministério da Educação a partir de 2012 e homologado já no Governo Bolsonaro em 2019, foi vendido pela imprensa à nossa sociedade como sendo um grande avanço educacional e festejado pelos militantes da esquerda, pois finalmente tornaram obrigatório o ensino (que já era de cunho) marxista em todas as salas de aula.

Afinal, o que é um currículo? Como já foi dito, é uma lista hierarquizada, lógica e explícita de objetivos de aprendizagem para um determinado fim pedagógico. É um texto do tipo injuntivo (guardem a curiosidade, pois haverá um artigo sobre tipologia de textos), como o são as receitas e as leis. Ou seja, textos que fazem com que o leitor aja, ou saiba que deve agir, de determinada forma. Para que isso ocorra, há uma sistemática a ser seguida: nas receitas, os ingredientes e suas quantidades são listados primeiro e, depois, de que forma e ordem devem ser usados. Em um currículo, a unidade normativa mínima que se busca é – analogamente ao artigo de cada lei – o que se chama no paulofreirês da BNCC de “habilidades”. Na verdade, são os tais “objetivos de aprendizagem”, os quais, obviamente, todos os alunos devem aprender. A sutileza de não os chamar de “objetivos de aprendizagem” é que se tira do foco a responsabilização sobre o que se espera que cada aluno aprenda por ir à escola. Portanto, que cada professor lhes deve ensinar, um parâmetro de “controle social” que os sindicalistas abominam. Esses objetivos devem, obrigatoriamente: 1) ser organizados em torno de cada disciplina (pois cada uma conta com cânones, conceitos e princípios próprios) e 2) ser listados em ordem de complexidade (pois é assim que o cérebro dos seres humanos aprende: de maneira cumulativa, do mais simples para o mais complicado).

Vamos aos exemplos. Sim, estão cheio de chatices técnicas, mas sem que os pais e cidadãos comuns entendam o buraco em que nos metemos, jamais dele sairemos. Força!

Falhas da BNCC
Para a BNCC, nossos alunos só podem ser considerados como tal a partir da tal “idade da razão”, aos 7 anos. Essa seria a única explicação lógica para seus formuladores terem deixado para a pré-escola (4 e 5 anos – etapa obrigatória e custeada pelos pagadores de impostos) e para o 1º ano do ensino fundamental apenas arremedos de atividades pedagógicas de cunho lúdico. Enquanto nossos anjinhos atrasados ficam com os rudimentos do “direito a brincar” que, na visão dos doutos das ONGs, se opõe ao direito de aprender, seus pares em países desenvolvidos vão à escola desde pequenos para aproveitar a janela cerebral de aprendizagem descrita pela Ciência Cognitiva. Vamos ver?

Em Paulofreireland, as habilidades de compreensão de textos para os alunos de 1º e de 2º anos (6 e 7 anos de idade) são as seguintes:

“(EF12LP02) Buscar, selecionar e ler, com a mediação do professor (leitura compartilhada), textos que circulam em meios impressos ou digitais, de acordo com as necessidades e interesses.

“(EF12LP04) Ler e compreender, em colaboração com os colegas e com a ajuda do professor ou já com certa autonomia, listas, agendas, calendários, avisos, convites, receitas, instruções de montagem (digitais ou impressos), dentre outros gêneros do campo da vida cotidiana, considerando a situação comunicativa e o tema/assunto do texto e relacionando sua forma de organização à sua finalidade.

“(EF12LP18) Apreciar poemas e outros textos versificados, observando rimas, sonoridades, jogos de palavras, reconhecendo seu pertencimento ao mundo imaginário e sua dimensão de encantamento, jogo e fruição.”

E apenas para os de 2º ano, ou seja, apenas a partir dos 7 anos, os paulofreirenses podem:

“(EF02LP26) Ler e compreender, com certa autonomia, textos literários, de gêneros variados, desenvolvendo o gosto pela leitura.”

Agora vamos ver como é a normativa curricular na terra da finada Rainha Elizabeth II, onde os alunos entram no 1º ano com 5 anos:

“Os alunos [do 1º ano] devem ser ensinados a:

” – compreender tanto os livros que eles já podem ler com precisão e fluência quanto aqueles que ouvem:

“- baseando-se no que eles já sabem ou em informações de fundo e vocabulário [do texto] fornecidos pelo professor;

“- verificar se o texto faz sentido para eles à medida que leem e corrigir leituras imprecisas;

“- discutir o significado do título e eventos;

“- fazer inferências com base no que está sendo dito e feito;

“- prever o que pode acontecer com base no que foi lido até aquele ponto.”

Percebam as seguintes diferenças de abordagem para a mesma etapa de escolarização: 1) confunde-se o que os alunos devem fazer (atividades: buscar, selecionar e ler) com o que devem aprender (compreender); 2) no documento brasileiro, não se fala em livros, mas em textos, com uma lista ridícula de exemplos deles (listas, agendas, calendários, avisos, convites, receitas, instruções de montagem); 3) apreciar não é um verbo para currículo – sim, eles devem aprender a gostar de ler, mas isso só se dá a partir da compreensão; 4) observem a relutância em se admitir que os alunos devem estar lendo com autonomia – e compreensão, óbvio – mesmo no 2º ano; 5) na Inglaterra, não há problema em dizer que os alunos devem ser ensinados – já desde os 5 anos; 6) percebam como é bem mais fácil saber o que vai se passar em sala de aula a partir dos objetivos propostos na Inglaterra do que no Brasil; 7) os alunos – de 5 anos! – devem aprender a perceber se compreendem o que leem e corrigir a forma de ler, para treinar a fluência, a qual pressupõe compreensão – é com a observação da fluência de leitura oral que o professor sabe se o aluno, pelo menos, entendeu as informações mais básicas explícitas no texto; 8) os verbos utilizados para descrever os objetivos de aprendizagem podem ser observados e aferidos pelo professor (ou pais) para se verificar o aprendizado do aluno a todo momento.

Agora vamos para um exemplo de Matemática na BNCC, comparando paulofreiristas brasileiros e os reducionistas tecnicistas de Singapura. Paulofreiristas primeiro. Estas são todas as “habilidades” apresentadas na BNCC relacionadas ao conceito de fração do 2º ao 4º ano:

“(EF02MA08) Resolver e elaborar problemas envolvendo dobro, metade, triplo e terça parte, com o suporte de imagens ou material manipulável, utilizando estratégias pessoais.

“(EF03MA09) Associar o quociente de uma divisão com resto zero de um número natural por 2, 3, 4, 5 e 10 às ideias de metade, terça, quarta, quinta e décima partes.

“(EF04MA09) Reconhecer as frações unitárias mais usuais (1/2, 1/3, 1/4, 1/5, 1/10 e 1/100) como unidades de medida menores do que uma unidade, utilizando a reta numérica como recurso.”

A seguir, os malucos de Singapura, que transformam crianças de 6 anos em robozinhos, coitadinhos.

No 1º ano, os alunos aprendem as quatro operações aritméticas; e no segundo, já são apresentados à notação de frações e aprendem a somá-las e subtraí-las. No 4º ano, os alunos trabalham com números mistos, frações impróprias e frações como parte de um conjunto de objetos – o que é diferente do bom e velho pedaço de pizza do 2º ano no Brasil. Além de resolver problemas de até duas etapas com esse tipo de notação antes do fim da educação elementar.

“2º ano – Sub-eixo: Frações

“1.1 fração como parte de um todo

“1.2 notação e representação de frações

“1.3 comparar e ordenar frações cujos denominadores não excedam 12

“- Frações unitárias e frações iguais

“2.1 Somar e subtrair frações iguais dentro de um mesmo inteiro, com seus denominadores não excedam 12

“3º ano – Subeixo: Frações

“1.1 frações equivalentes

“1.2 expressar uma fração em sua forma mais reduzida

“1.3 comparar e ordenar frações não equivalentes cujos denominadores não excedam 12

“1.4 escrever a fração equivalente de outra, dado o denominador ou numerador

“2.1 somar e subtrair frações equivalentes dentro de um mesmo inteiro com seus denominadores não excedendo 12.”

Percebam a diferença entre os dois currículos. No Brasil, os alunos não aprendem nada de matemática na educação infantil e se lhes propõe no 2º ano, resolver problemas com os conceitos de “dobro, metade, triplo e terça parte”, pois eles ainda nem viram a notação de números fracionários, que só lhes será apresentada no 4º ano. Por isso, devem fazê-lo com “o suporte de imagens ou material manipulável, utilizando estratégias pessoais”. Haja estratégia pessoal não apenas para resolver, mas para formular problemas de fração só com pedacinhos de pizza e barras de chocolate.

Outra questão (que não se percebe nos exemplos acima) é que os alunos brasileiros até o 5º ano só trabalham o conjunto de números naturais (números inteiros e positivos)! Além disso, não podem usar letras na notação matemática. Portanto, álgebra, nem pensar. Ou seja, nem pensar em verem números negativos, o que todos seus pares já vêem desde que começam a escola formal.

Espero que esses exemplos os tenham deixados muito incomodados e aflitos. É só com a indignação informada que poderemos alterar nosso futuro educacional, seja para todo o País, seja apenas para nossos filhos.

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