Entrevistamos Henrique Campos, gerente regional de crescimento da Starlink na América do Sul, sobre os planos da empresa. Confira o podcast.

Por Tainá Freitas

Starlink é um dos projetos espaciais de Elon Musk que virou realidade. Atualmente, há uma constelação de 1.700 satélites de internet no espaço – e o plano é de, em 12 meses, ter 500 mil usuários ao redor do mundo e cobertura global. Recentemente, foi anunciado um investimento de US$ 30 bilhões neste braço da SpaceX.

Nós conversamos com Henrique Campos, gerente regional de crescimento da Starlink no Brasil, para entender como o projeto tem se desenvolvido em solo brasileiro. Um spoiler? A Starlink já tem clientes por aqui…

Confira:

– Os planos da Starlink para o hemisfério Sul (incluindo o Brasil!).

– Data de disponibilidade e preço da internet via satélite nesta região.

– O uso da internet via satélite em IoT no agronegócio e outros setores.

– A relação entre a SpaceX (e seu objetivo de colonizar Marte) e a Starlink.

– A competição de empresas espaciais: SpaceX, Blue Origin e Virgin Galactic.

Henrique, gostaríamos de saber um pouco mais sobre você. Qual é o seu background e como entrou na Starlink?

Tenho formação híbrida, em negócios, processamento de dados, administração de empresas com ênfase em marketing, pós-graduação em Ciência da Computação. Um colega que eu tive em uma empresa farmacêutica foi para a Califórnia e entrou para um projeto na SpaceX. Um belo dia, eu estava em uma transição de indústrias, ele me ligou e conversamos. Eu confesso que mal conhecia a indústria aeroespacial e a própria SpaceX, conhecia o básico, que eles têm “foguetes que dão ré”. Passou um tempo, voltamos a falar e ele contou sobre uma posição na Califórnia, mas para a atender a América do Sul, podendo ficar onde quiser. 

Eu topei e agora estou há mais de um ano no projeto, ajudando na expansão da rede Starlink, uma rede de internet global via satélite.

Como foi o processo seletivo? É diferente do que costumamos ver no mercado? O setor espacial por si só já é curioso…

O que surpreende são os processos por aí [no mercado] serem da forma que são, usando o termo da moda, “cringe”. O processo foi o que seria o normal para uma empresa que nasceu próxima do Vale do Silício. Foram vídeos com perguntas e respostas, entrevistas com líderes e pares, com foco em resolução de problemas.

Você está na Starlink há um ano. Qual é o status do projeto neste momento?

A Starlink começou em 2016. Como são satélites de baixa órbita, eles possuem um tempo de vida de 3 a 4 anos. Depois deste período, entram em processo de autodegeneração, queimam antes de entrar na atmosfera da Terra, viram literalmente pó espacial. Até agora, são mais de 2 mil satélites lançados, mas neste meio tempo, vão se perdendo alguns. 

São 1.703 satélites neste momento, é a maior constelação que existe de satélites hoje. Essa frota representa mais da metade dos satélites operacionais do planeta – de outras empresas, militares, não-militares, governamentais, etc.

Henrique Campos, gerente regional de crescimento da Starlink na América do Sul

A internet via satélite ainda não está disponível aqui. O que já está sendo feito no Brasil?

Existe no Brasil (e no mundo inteiro) o que chamamos de business IoT (internet of things ou internet das coisas). É o uso da banda [de internet] para aviões, navios autônomos, colheitadeira, plantadeira autônomas, submarinos autonômos, caminhões autonômos, óleodutos, aquadutos. Essas aplicações já estão acontecendo, em fase de testes, ainda não em beta. As empresas têm a necessidade de construir os próprios devices, firmware, que aceitem o sinal de 2 GHz (assim como placas de 5G ainda estão sendo construídas).

Já existem grandes parcerias que estão em andamento e são públicas, com o Google, Microsoft, Boeing. Mas para o sinal doméstico, o sinal de internet via satélite para uso de streaming, jogos online, reuniões, ainda não está disponível. Muito provavelmente, o Beta tenha início no hemisfério sul entre dezembro de 2021 e janeiro de 2022.

O preço já está definido?

Não, ainda estamos estudando o preço. Existe hoje o preço global para beta tester de 100 dólares por mês para consumo, mas há ainda o custo do equipamento inicial. Parte deste valor é financiado por investimentos. Cada região deve ter uma realidade de preço diferente, ainda não podemos falar sobre isso.

Satélites da Starlink no espaço (foto: divulgação/SpaceX)

Qual é a relação entre a Starlink e a SpaceX? Como focar em projetos a longo prazo, como a colonização de Marte, e outros mais próximos, como internet via satélite?

A Starlink é cliente da SpaceX. Ela constrói os satélites e contrata a SpaceX para fazer o lançamento dos satélites. Muito em breve, a Starlink irá se desvincular da SpaceX. Haverá uma abertura da Starlink ao mercado, ainda não se sabe se será uma empresa de capital fechado ou aberto.

A Starlink é focada em conectividade global, diferente do propósito da SpaceX, que lá em seu manifesto de criação, tem o propósito de ser uma empresa de colonização espacial e exploração de Marte. Está escrito na parede desde que foi fundada.

Para muita gente, isso pode parecer loucura ou ficção, mas não é. Existe trabalho, foco e planejamento sério para cumprir as metas. Há veículos sendo testados, teremos o primeiro voo orbital de uma Starship agora, no fim de julho. É um passo a passo colocar um gigante do tamanho de um prédio de 20 andares em órbita, não é do dia para noite. 

Há um objetivo sendo conquistado no dia a dia; cada lançamento que não há uma perda ou acidente, cada retorno é um passo a mais para chegar no objetivo.

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By valeon

One thought on “O que a Starlink, de Elon Musk, está fazendo no Brasil?”
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