Republicanos lideram corrida pela Câmara nos EUA e têm disputa apertada com democratas no Senado

Foto: Washington Post photo by Jahi Chikwendiu

Por Redação – Jornal Estadão

Pesquisas de boca de urna indicam que, no geral, a economia e a inflação estavam pesando mais nas mentes dos eleitores, o que poderia favorecer os republicanos

Partido Republicano saiu na frente na disputa pela Câmara dos Deputados nas eleições de meio de mandato nos Estados Unidos nesta terça-feira, 8, de acordo com as projeções da imprensa americana. No Senado, o partido mantém uma disputa apertada com o Partido Democrata, que saiu na frente, mas foi alcançado pela oposição, que tem ligeira vantagem.

Em uma das eleições mais importantes do país nos últimos anos, os republicanos tentam tirar dos democratas a maioria nas duas Casas. As sessões já foram encerradas na maior parte do país, incluindo Estados da Costa Oeste, mas a conclusão da apuração deve levar dias.

Para a Câmara dos Deputados, segundo o jornal The New York Times, os republicanos saíram na frente e já garantiram 196 cadeiras, enquanto os democratas têm 167. O Partido Republicano conquistou três cadeiras na Flórida até agora ocupadas pelo Partido Democrata, no que representa uma das primeiras mudanças de tendências das eleições de meio de mandato. De acordo com as projeções, três republicanos venceram em distritos da Flórida que hoje são representados por legisladores progressistas.

Americanos enfrentaram longas filas e chuva para votar no Estado de Nevada
Americanos enfrentaram longas filas e chuva para votar no Estado de Nevada  Foto: Washington Post photo by Melina Mara

A primeira cadeira a ser virada pelos republicanos foi com Cory Mills, que venceu no Sétimo Distrito para substituir a deputada Stephanie Murphy, uma democrata que decidiu se aposentar. O mapa eleitoral desse distrito foi fortemente manipulado pelos republicanos no Estado, numa prática conhecida como gerrymandering, tornando-o um lugar difícil para os democratas, mesmo que Murphy, uma veterana centrista, tivesse decidido concorrer à reeleição.

Na Geórgia, a deputada Marjorie Taylor Greene, cujas teorias de conspiração racistas e antissemitas a colocaram à margem do Partido Republicano quando foi eleita há dois anos, foi reeleita nesta terça-feira e deve desempenhar um papel mais central no próximo Congresso. A projeção foi feita pela Associated Press. A vitória de Greene no 14º Distrito Congressional da Geórgia nunca foi dúvida. O distrito é um dos mais republicanos do país.

Senado

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Para o Senado, de acordo com a Associated Press, o republicano Tim Scott venceu facilmente a reeleição na Carolina do Sul, e o deputado democrata Peter Welch ganhou a cadeira de Vermont na disputa com o aposentado Patrick J. Leahy, mantendo esse assento para seu partido. Ambos não enfrentavam corridas competitivas.

O senador republicano Rand Paul, de Kentucky, conquistou mais um mandato. Na Flórida, o também republicano Marco Rubio venceu a eleição e vai para o seu terceiro mandato. Ele derrotou o democrata Val Demings.

J.D. Vance, que já foi um crítico ferrenho de Donald Trump, mas se reformulou como um aliado de extrema direita do ex-presidente, venceu sua corrida em Ohio. Ele derrotou o deputado democrata Tim Ryan, que fez uma campanha tentando reconquistar alguns dos eleitores brancos da classe trabalhadora que fugiram de seu partido na era Trump.

Maryland, Connecticut e Illinois também projetam vitória para os democratas, enquanto Alabama e Oklahoma (as duas cadeiras), para os republicanos. Com isso, segundo as projeções do jornal The New York Times, os democratas têm 47 senadores e republicanos, 46.

Fila de votação na Prefeitura da Philadelphia; eleição de meio de mandato teve forte participação de eleitores que votaram antecipadamente
Fila de votação na Prefeitura da Philadelphia; eleição de meio de mandato teve forte participação de eleitores que votaram antecipadamente  Foto: Photo for The Washington Post by Caroline Gutman

Governadores

O Estado de Maryland elegeu o primeiro governador negro da sua história, o democrata Wes Moore, segundo as projeções da Associated Press. Moore venceu o candidato republicano Dan Cox, considerado de direita radical, e se torna o terceiro governador negro da história dos Estados Unidos. Cox tinha o apoio do ex-presidente Donald Trump.

Moore, um político que é ex-executivo de uma entidade sem fins lucrativos e escritor, emergiu nas primárias do Partido Democrata com o apoio de nomes como Oprah Winfrey. A campanha focou nas propostas de erradicação da pobreza, mais investimento do Estado e projetos de transporte público e energia renovável.

O democrata Wes Moore será o primeiro governador negro do Estado de Maryland e o terceiro governador negro na história dos EUA
O democrata Wes Moore será o primeiro governador negro do Estado de Maryland e o terceiro governador negro na história dos EUA  Foto: Nathan Howard/AFP

A democrata Maura Healey foi eleita governadora de Massachusetts ao lado de sua vice, Kim Driscoll, marcando a primeira vez que qualquer Estado americano elege uma chapa com duas mulheres para os cargos ao mesmo tempo. Healey é também a primeira mulher abertamente lésbica a ser eleita governadora nos EUA.

O governador da Flórida, Ron DeSantis (republicano), conquistou a reeleição, segundo a projeção da Associated Press. A vitória consolida o poder republicano no Estado, que já foi mais disputado. Ele derrotou o democrata Charlie Crist. DeSantis se tornou governador em 2018 após uma disputa acirrada, na qual terminou com 32,4 mil votos a mais. A margem exigiu uma recontagem, que confirmou o resultado.

Ao contrário de outros candidatos, Ron DeSantis fez campanha sem buscar a direita moderada e apelou a uma “guerra cultural” para combater a “esquerda”. Durante a crise de coronavírus, se posicionou contrário à opinião de especialista em saúde pública. Mas sua vitória foi tão retumbante que ele virou o Condado de Miami-Dade, que não votava em um candidato republicano a governador havia duas décadas.

A ex-secretária de imprensa da Casa Branca do governo Trump Sarah Huckabee Sanders foi eleita governadora do Arkansas. Ela ocupará o cargo que seu pai ocupou por uma década.

Na Geórgia, a democrata Stacey Abrams reconheceu a derrota para o atual republicano Brian Kemp, encerrando uma disputa amarga e de alto nível que começou na disputa de 2018.

Kemp, que liderou o Estado enquanto seu partido controlava ambas as câmaras da Assembleia Geral da Geórgia, fez campanha pelas vitórias políticas conservadoras de seus últimos quatro anos, incluindo a renúncia às orientações de saúde pública para manter os negócios da Geórgia abertos durante a pandemia de covid-19 e aprovar legislação que permitiria que os residentes do Estado comprassem uma arma de fogo sem autorização.

Proposições

Os eleitores de Maryland aprovaram esmagadoramente a legalização da maconha, de acordo com a Associated Press. Maryland é um dos cinco Estados com proposições nas urnas nesta eleição permitindo que os eleitores decidam legalizar a maconha recreativa.

Sinais confusos

Até agora, as dezenas de milhões de americanos que somaram suas vozes nesta terça-feira, 8, a uma forte demonstração de votos antecipados estavam enviando os mesmos sinais confusos apresentados nas pesquisas nos últimos meses.

As pesquisas de boca de urna indicam que, no geral, a economia e a inflação estavam pesando mais nas mentes dos eleitores, o que poderia favorecer os republicanos, escolhidos para corrigir a incerteza econômica que o país atravessa.

As eleições de meio de mandato de 2022 estão se tornando uma das mais importantes em anos, já que os eleitores determinam qual partido controlará a Câmara e o Senado, 36 governadores e uma série de cargos estaduais críticos, de secretários de estado a juízes da Suprema Corte estadual. Suas escolhas influenciarão o restante da presidência de Joe Biden e podem impactar a própria democracia representativa.

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Há sinais, também, de que os Estados Unidos podem se encaminhar mais uma vez para uma batalha sobre o mecanismo de votação. No Arizona, a candidata republicana ao governo do Estado, Kari Lake, denunciou alegações imprecisas sobre um incidente com as urnas eletrônicas no Condado de Maricopa, o mais populoso de seu Estado. Um juiz, no entanto, negou um pedido de emergência dos republicanos para estender a votação por três horas.

Eleitor deposita seu voto antecipadamente em uma das urnas do Condado de Maricopa, na Geórgia
Eleitor deposita seu voto antecipadamente em uma das urnas do Condado de Maricopa, na Geórgia  Foto: Matt York/AP – 1º/11/2022

Um advogado que representa Kari Lake e Blake Masters, o republicano que concorre ao Senado, argumentou que os eleitores foram privados de direitos devido às máquinas de apuração de votos com defeito, que rejeitaram as cédulas por horas por causa de um problema na impressora que os funcionários do condado diagnosticaram no fim da tarde.

O que está claro é que a noite das eleições pode não trazer as respostas para as questões políticas mais urgentes de 2022: qual partido controlará o Senado? Se os republicanos ganharem a Câmara, como é amplamente esperado, por qual margem eles a controlarão? E quantos governos cada partido terá?

As sessões não serão fechadas até tarde em alguns dos maiores campos de batalha, Arizona, Nevada, Califórnia e Oregon. E a contagem de votos provavelmente será prolongada na Pensilvânia, um Estado onde uma disputa acirrada para governador moldará as leis de aborto e onde uma campanha apertada para o Senado pode determinar o controle do partido nessa Casa./NYT e AP

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